Você é vítima ou senhor(a) do seu destino?

Matérias - Novos Rumos - dezembro de 2017

Incomoda-me a frequência de uso do termo “desigualdade” como algo intrinsecamente injusto em virtude da diferença de remuneração entre pessoas que ganham por seu trabalho um valor muito baixo em comparação a outras que ganham muitas vezes mais. Há distorções? Claro, mas não acho que seja a regra geral.
Tenho 38 anos de vida profissional, sendo 21 como assalariado e os últimos 17 como prestador de serviços. Acredito não haver diferença conceitual entre um tipo e outro de contrato de trabalho, como também não deveria haver quanto a servidores públicos. Ou seja, podemos e devemos ser remunerados pelo valor que geramos àquele que nos paga, logo, é preciso ter em mente o tempo todo:

Michael Phelps

1. O que um empregado ou prestador de serviços vende é o binômio “tempo + talento”. Tempo, por sua vez, é mercadoria que não se repõe. Quem presta serviços tem sempre urgência em vender o seu tempo. Quem é empregado deve reconhecer que o seu tempo remunerado precisa ser igualmente bem usado.
2. O comprador de nosso produto (força física e/ou intelectual), chamado de consumidor, contratante ou empregador, pode ou está disposto a arcar com o valor que estamos pleiteando/recebendo?
3. O que entendemos estar gerando de valor para o contratante (ou empregador) é percebido da mesma forma por ele?
4. Há uma relação equilibrada entre oferta e procura do que fazemos ou vendemos? Ou seja, qual é o preço que equilibra aquilo que se quer contratar em relação ao que é oferecido?
5. Ressentimento e orgulho não têm espaço na vida profissional de quem almeja o sucesso. Negócios são negócios.
5. Ressentimento e orgulho não têm espaço na vida profissional de quem almeja o sucesso. Negócios são negócios.

 

kohei uchimura
A vida em sociedade, que começou há muitos milhares de anos, evoluiu e se amalgamou a partir da utilidade recíproca entre seus membros, logo, pauta da pela competência e contribuição de cada um. Destacam-se, por exemplo, os animais alfa, cujas condições naturais de liderança derivam basicamente de seus talentos congênitos, seja por uma capacidade física maior ou uma astúcia mais acentuada. Há também nos grupos sociais uma massa volumosa de talento mediano e uma base menor e um pouco menos talentosa, no sentido da capacidade de oferecer valor ao grupo, todas vivendo desafios hierárquicos.
Em minha opinião, o grande poder da humanidade está em nossa fabulosa capacidade de comunicação e por meio dela um imenso potencial de desenvolvimento de habilidades as quais precisam ser trabalhadas duramente. Talentos
especiais aparecem com frequência e se desenvolvem independentemente de forma física, cor, sexo, região ou religião, como
as fotos acima exempli
ficam. Alguns indivíduos nascem com uma ou outra aptidão mental maior congênita, como no campo da matemática, física, biologia, línguas etc.
Do lado físico há quem nasça com maior capacidade fisiológica para correr, driblar, nadar etc. Importante, entretanto, ressaltar que sem dedicação absoluta para desenvolvê-las não valem muita coisa.pacidade fisiológica para correr, driblar, nadar etc. Importante, entretanto, ressaltar que sem dedicação absoluta para desenvolvê-las não valem muita coisa.O problema em geral está na seguinte pergunta: e quando fazemos parte da grande massa mediana? O que fazer quando nossos talentos inatos não são muito maiores que a média? Ou quando nascemos em um meio pouco estimulante ao nosso desenvolvimento potencial? Eis o ponto central – ou decidimos que estamos satisfeitos com a relação custo-benefício que a natureza nos atribuiu ou iremos nos desdobrar muito mais que a média, o que significa estudar mais, treinar mais, trabalhar mais.  Queremos nos acomodar no papel de vítimas ou lutar como senhores de nossos destinos?Reconheço que há muitas pessoas com dificuldades em certos aspectos que a natureza lhes atribuiu, como dislexia (déficit de leitura), dificuldade para matemática etc. Ainda que eu acredite na plasticidade do cérebro para enfrentar e contrabalançar tais deficiências, admito que a falta de apoio familiar e/ou a luta pela sobrevivência mais imediata possam levar uma boa parte das pessoas a desistir de se superar. No entanto, confio 100% na ideia de que todo mundo tem um ou mais talento ou habilidade relevante, seja mental, físico ou operacional. Essa é a razão pela qual vemos tanta gente extremamente dedicada que se destaca por sua excelência como comerciantes, padeiros, cozinheiros, costureiros, eletricistas, mecânicos, pedreiros, faxineiros e tantas outras atividades dignas que são altamente valorizadas em nosso dia a dia e podem gerar ganhos até bem maiores do que de atividades que dependam de graduação ou dedicação acadêmica.
Diante de tanta evidência prática, acredito que tudo é uma questão de “preço x oferta de empenho”, seja no campo local, regional ou internacional.
Se o indivíduo se dedicar mais que a média, será disputado por contratantes/empregadores lúcidos e a posição de destaque que almeja será apenas uma questão de empenho, tempo e paciência.
Não nos faltam exemplos.

ricardo.negreiros@rnexecutivos.com.br
97148 3135

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