Roberto Bonfim celebra sucesso de Agenor

Matérias - agosto de 2018

Ele é recordista de novelas na TV Globo, em torno de 40, e cerca de 60 produções de cinema em 50 anos de carreira. Sua história quase se confunde com a da teledramaturgia brasileira. O sorriso cativante passa longe do sisudo ‘Agenor‘ da novela ‘Segundo Sol’ que anda as turras com as filhas no horário nobre. O destempero do personagem realçou seu talento na arte de interpretar e fez com que “Agenor” virasse assunto nas redes sociais.
O sorridente Roberto Bonfim de Andrade, 73 anos, já mora no Recreio há 15 anos e nos recebeu no terraço do lindo Blue Tree, na Lúcio Costa, para uma conversa muito agradável. Pena não termos espaço para botar a conversa de uma hora na íntegra. Depois de uma cirurgia séria nos quadris, onde teve que perder peso e encarar uma artrose que deu trabalho, hoje está “novinho” como ele mesmo gosta de dizer.
Caseiro, solteiro há um certo tempo, sua vida hoje se divide em trabalhar no Projac e babar as netas.
1) Você foi garoto zona sul, morava no Leblon e está no Recreio há quanto tempo?
R: Sou nascido e criado no Lebrão…(sic)(rs) Tenho uns 15 anos de Recreio, sabe porquê? Porque era meio que cidade do interior, me lembrava o Leblon que eu morei quando menino. Depois do Humaitá fui para Ilha de Guaratiba, num sítio, encostado no morro, com cavalo, vaca e lá fiquei no silêncio. Quando resolvi sair, cheguei no Recreio. Primeiro fui ali pra trás da Estrela do Sul, Praça Miguel Osório, uns 5 anos talvez. Depois eu fui procurar um terreno para montar a escola da minha filha (escola VIVA) e a proprietária tinha uma na Clóvis Salgado, para onde eu fui morar. Hoje, tô na Lúcio Costa.


2) É verdade que na sua época de menino era modinha sair no ‘braço”?
R: Ah..verdade…essas modas bobas de juventude ….Mas era esporte. Cada bairro tinha sua turma. Eu era muito forte, nadador, só isso.

3) Você acompanha o UFC então?
R: Não… muito pouco..Isso não me interessa não. Vejo uma ou outra luta mas nada muito assíduo.

4) Sua ligação com o mar é forte assim?
R: Ah…eu pegava muito jacaré, no peito! Isso, em ondas grandes …e olha que o mar do Leblon não era manso como é hoje. Depois que aterraram a praia de Copacabana, o mar amansou. Meu pai dizia que os cabelos brancos que ele ganhou precocemente fui eu que dei! (rs)

5) E tem um cantinho aqui no bairro que é sua cara?
R: Olha, gosto do Kaçuá, que fica na rua da escola da minha filha, a VIVA, e na verdade, sou o “REI das PEDRAS”, vivo no Legep que vende aquelas pedras maravilhosas. Gosto muito. Namoro muito as pedras. Estou caseiraço. Gosto da minha casa. Já frequentei muito a noite, mas passou né..estou solteiraço.
6) Vem cá, é impressão minha ou você é brabo mesmo. Pergunto porque seu sorriso é emblemático e carismático, nada a ver com cara de mau…
R: Eu explico. No começo da carreira, fiz muitos personagens violentos por causa do meu porte físico. As pessoas até reclamavam nas ruas. Quem amansou essa imagem foi a Janet Clair e depois a assistente dela na época e agora escritora renomada, Gloria Perez.
7) E depois ganhou um monte de sambista com cara de bonzinho né..
R: Por aí.. Vem até na sinopse como em ‘Império’ que era um cara de vez em quando fazia alguém desaparecer mas era gente boa..vê se pode..


8) Você não tem nada de Agenor né?
R: Pra você vê esse cara..nada mesmo! Sou muito é feminista!
9) As cenas são bem desgastantes ..
R: Muito! Saímos um trapo.
10) Já tomou pedrada?
R: Olha, hoje está mais sociável, digamos assim. Antes a novela passava nas capitais e depois no interior. Fiz uma novela chamada ‘Semideus’, da Janet Clair. Eu fazia o capanga do personagem malvado do Tarcísio Meira e torturava o lado ‘bom’ do Tarcísio. Fui fazer um filme no interior de Minas tempos depois, aliás, nem me lembrava mais. Atravessando a praça ganhei uma pedrada na cabeça, ganhei 3 pontos! A mulher ainda gritou para mim!! E mole?
11) Você fez pouco humor, né?
R: Uga Uga era humor uai! Fiz em teatro, mas pouco, sim. Até gosto, mas fui da linha porque se você cair ali não sai mais.
12) Do seu primeiro personagem em teatro, o Coronel Macambira até os dias de hoje muita coisa passou por baixo dessa ponte.
R: Então vim do movimento estudantil. Com o ‘Golpe’ resolvemos nos refugiar no teatro. Com a dissolvição do grupo, fiquei meio sem horizonte e o Almir Haddad me chamou para o meu primeiro trabalho e estou até hoje.
13) O jovem não é tão engajado como antes, né? Uma pena..
R: Nem um pouco. E pior, não leem nada, só rede social. Eu não frequento muito rede social. Acho um saco, pessoas violentas, até a minha dei um tempo.


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